Informática na Educação

A informatização da educação no Brasil nasceu no início dos anos 70, a partir de experiências na UFRJ, UFRGS e UNICAMP.

Em 1971, a USP de São Carlos questionou o uso de computadores para o ensino de Física.

Em 1973, a UFRJ utiliza computadores de grande porte no ensino de Química e a UFRGS usa-os para desenvolver software educativos e em Estudos Cognitivos do Instituto de Psicologia , a fim de avaliar crianças com dificuldades de aprendizagem.

Em 1975, a UNICAMP inicia uma pesquisa sobre o uso de computadores com linguagem LOGO na educação infantil.

Na década de setenta o Governo Brasileiro criou à CAPRE - Comissão Coordenadora das Atividades de Processamento Eletrônico, a DIGIBRÀS - Empresa Digital Brasileira e a SEI - Secretaria Especial de Informática, que tinha a responsabilidade de coordenar e executar a Política Nacional de Informática, regulamentando, supervisionando e fomentando o desenvolvimento e a transição tecnológica do setor.

O III Plano Setorial de Educação e Cultura - III PSEC, referente ao período de 1980/1985, ratificou a importância da atualização de conhecimentos técnico-científicos, expressas no II Plano Nacional de Desenvolvimento - II PND, referente ao período de 1975-1979 e mencionou o uso das tecnologias educacionais e dos sistemas de computação como forma de melhorar a qualidade do processo educacional.

A implantação do programa de informática na educação no Brasil começou em 1981 e 1982, com o primeiro e o segundo Seminário Nacional de Informática sobre o uso do computador como ferramenta no processo ensino-aprendizagem e, a partir daí, implantou-se projetos-pilotos em universidades.

Em 1984, o MEC, o Conselho Nacional de Pesquisas - CNPq, a Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP e a Secretaria Especial de Informática da Presidência da República - SEI/PR formularam o Projeto EDUCOM e, com o sucesso deste, o Projeto FORMAR. No projeto EDUCOM todos os centros de pesquisa utilizaram o computador para facilitar o processo de aprendizagem, num ambiente adequado onde o aluno aprendesse realizando atividades no computador.

Na expectativa de uma mudança pedagógica investia-se na formação dos pesquisadores, em cursos de formação e em software educativos, elaborados de acordo com o objetivos propostos. Após analisar as experiências realizadas percebe-se que as mudanças pedagógicas não ocorre apenas instalando computadores nas escolas, é importante diversificar o trabalho em sala-de-aula, de acordo com o conhecimento e o interesse do professor e dos alunos.

Em novembro de 1982 foi criado o Centro de Informática do MEC - CENIFOR, responsável pela implementação, coordenação e supervisão técnica do Projeto EDUCOM e coordenado pela Fundação Centro Brasileiro de TV Educativa - FUNTEVÊ, atual Fundação Roquette Pinto. O CENIFOR funcionou até que a nova administração da FUNTEVÊ/MEC perdeu o interesse pela pesquisa e os organismos governamentais deixaram de cumprir parte de suas obrigações financeiras. A falta suporte financeiro dificultou a continuação do mesmo.

A capacitação dos professores começou pelo Projeto FORMAR, através da UNICAMP, com a colaboração dos centros-piloto do EDUCOM e, quando formados, os professores tinham como compromisso projetar e implantar um Centro de Informática Educativa - CIEd na secretaria de educação que o havia indicado, contando com a ajuda técnica e financeira do Ministério da Educação.

Em 1988 e 1989 implantou-se, então, 17 CIEDs em vários estados da Federação para que educadores, técnicos e especialistas colocassem em prática os programas de informática educativa atendendo alunos, professores e à comunidade em geral. Com isso, a telemática irradiou-se e multiplicou-se na rede pública de ensino.

Os núcleos: CIES - centros de informática na educação superior, CIEd - centros de informática na educação de 1º e 2º graus e CIET - centros de informática na educação técnica, denominados de centros de informática na educação, tiveram incumbências de acordo com os seus diferentes campos de atuação, conforme mostra o quadro abaixo. Através dos centros esperava-se resgatar atos de pensar, aprender, conhecer e compreender, a partir do uso de novos instrumentos. Planejou-se, então, ambientes que usassem a interatividade e interconectividade da tecnologia associados ao desenvolvimento humano, estimulando a autonomia, cooperação, criticidade, criatividade e capacidade decisória, alterando, assim, o paradigma educacional vigente.

Em 1988, o MEC foi convidado pela Organização dos Estados Americanos - OEA para rever o projeto de Informática Aplicada à Educação Básica do México e, em seguida, tiveram a idéia de formular um projeto multinacional de cooperação técnica e financeira entre oito países americanos, que durou de 1990 a 1995.

Em 1989 o MEC instituiu o Programa Nacional de Informática na Educação - PRONINFE, através de atividades e projetos que assegurassem a unidade política, técnica e científica, ideal para a garantia de bons resultados nos investimentos realizados. Promover o desenvolvimento da informática educativa e seu uso nos sistemas públicos de ensino (1o , 2o e 3o grau e educação especial); fomentar o surgimento de infra-estrutura de suporte nas escolas, apoiando a criação de centros, subcentros e laboratório; capacitar contínua e permanentemente professores eram os objetivos do PRONINFE.

Em 1990, o Ministério da Educação aprovou o 1º Plano de Ação Integrada - PLANINFE, que mencionava a necessidade de um intensivo e competente programa de capacitação de recursos humanos, envolvendo universidades, secretarias, escolas técnicas e empresas como o SENAI e SENAC.

Somente em 1992, devido as gestões realizadas e da determinação do Ministério da Educação da época, é que a União criou uma rubrica orçamentária específica para o financiamento das atividades do setor, uma luta de mais cinco anos pela coordenação do Programa.

No período compreendido entre 1980 e 1995 o PRONINFE conseguiu implantar 44 centros de informática na educação, 400 subcentros, 400 laboratórios de informática educativa em escolas públicas e capacitar mais de 10.000 profissionais para trabalhar em informática educativa no país, com um bom número de pesquisadores com cursos de mestrado e doutorado. E, em 10 anos, manteve uma cultura nacional de informática educativa centrada na realidade da escola pública, sendo a principal referência das ações planejada pelo MEC na época.

Fonte: Elaborado pela autora